Cultura

"O Âmago do Bonfim"

A 19 de janeiro iniciámos o Ciclo que designámos de «Desvendar o Bonfim», composto por 4 visitas que percorrerão esta Freguesia do Porto

Dia chuvoso, de um mês sempre difícil, o que fez com que não houvesse muitas inscrições, e no dia, perante o tempo que fazia, alguns faltassem. Mas os que vieram foram firmes, julgando nós que não se arrependeram.

Partimos do ponto central da freguesia, do alto do Senhor do Bonfim, visitando a Igreja Matriz, consagrada a Santa Clara e ao Senhor do Bom Fim e da Boa Morte. A igreja atual foi terminada em 1894. Depois seguimos para o Cemitério privado da Irmandade do Santíssimo Sacramento e do Bom Fim e da Boa Morte, desenvolvido em 3 socalcos, que encerra em si um conjunto de sepulturas e mausoléus de grande valor histórico e, também, três Cruzeiros de granito retirados das ruas da cidade e colocados no séc. XIX.

A Freguesia do Bonfim foi das da cidade do Porto onde, na segunda metade do séc. XIX, se situaram inúmeras fábricas e manufaturas, levando à concentração da população que acorria à oferta de emprego, o que conduziu a um problema sério de habitação e de salubridade. De tudo isto se falou e também da existência de industriais com consciência que souberam tratar das condições sociais dos seus trabalhadores, e não apenas de enriquecer. É o caso de Manuel Pinto de Azevedo, que está sepultado neste cemitério, numa campa sem qualquer ostentação.

Passámos depois por terras meias escondidas, pois seguimos para cima para a zona das Eirinhas e do Bairro da Polícia - um bairro operário esquecido, rodeado de ruínas - que já foi um bairro para funcionários do estado. Uma zona esquecida, para qual já existiram (ou existem) planos da Câmara Municipal, mas que não há forma de saírem do papel. Uma zona por muitos desconhecida, um outra cidade dentro da cidade que conhecemos - basta virar uma esquina de rua e caminhar um pouco. Ao longe o velhinho e famoso Hospital Joaquim Urbano («As goelas de Pau»). Muito se disse e mais haveria que dizer sobre essa grande figura (incompreendida) da cidade, que foi o Dr. Joaquim Urbano da Costa Ribeiro. Na zona falámos de Gomes Leal, figura ímpar e curiosa, poeta de Lisboa, mas que tem no Porto, e justamente aqui, nome de Rua e de Travessa - procurámos mostrar quem foi e lemos poemas.

Depois de um cafezinho, lá seguimos viagem pela Rua das Eirinhas no sentido da Avenida Fernão de Magalhães, descendo umas escadinhas. Para o autor destas linhas a primeira descida das ditas. Aí, falamos do escultor Zulmiro de Carvalho, escultor de Gondomar e de formação no Porto, que tem no jardim das pedras uma bela escultura, bem representativa do seu estilo. A propósito, o jardim das pedras tem nome: Jardim Paulo Vallada.

Por fim descemos ao Campo 24 de Agosto e à Estação de Metro para apreciar os restos arqueológicos do Poço ou Arca de Mijavelhas. Também a data de 24 de agosto de 1820 - a chamada Revolução Liberal do Porto - foi falada. Mas estes temas deixo-os para o excelente documento que o nosso colega Fernando Costa teve a atenção e o gosto de elaborar para nós, a partir de uma recolha que fez na «Net». Tratando-se de uma recolha a partir de outras fontes, podemos dizer que é um trabalho bastante cuidado e que o Clube agradece e ao qual atribui grande valor. Vamos distribuí-lo pelos participantes de todas as visitas do ciclo e, quem sabe, encontrar forma de o divulgar internamente no site do Clube.

Fotos gentilmente cedidas pelo Associado Carlos Paz

Publicado em 07/03/2019