Cultura

Desvendados os mistérios de Santa Cruz do Bispo - Monte de S. Brás

"O Homem da Maça"

Diz a tradição, que todos os locais precisam de um orago. Entenda-se um Santo, a quem é dedicado um templo ou capela. Mas já lá vamos. Isto porque para realizar a nossa visita precisámos da ajuda de um, sobejamente conhecido de todos, S. Pedro, que nos abençoou com algumas abertas para fazermos a nossa viagem.

A proposta desta vez assentava numa visita a Santa Cruz do Bispo, Monte de S. Brás, um local que encerra vários mistérios. Que faz um barco em pedra bem no centro da povoação? Que bispo deu o nome a esta terra? Porque é que a sua quinta se transformou em prisão? Que retrata a estátua misteriosa do Homem da Maça no topo de S. Brás?

Porque a informação era muita, sorte de quem fez no sábado dia 13 de abril mais uma visita pela mão sabedora de Joel Cleto, ficámos a saber que:

. O local era conhecido como Santa Cruz de Riba Leça, que deu nome ao rio que o atravessa, e teve como benemérita, D. Maria Dias de Sousa. Herdou uma grande fortuna de um tio que morreu no Brasil, fortuna que usou em melhoramentos e obras religiosas e de caridade. Estas ações fizeram com que fosse concedido o título honorífico de "Viscondessa de Santa Cruz do Bispo";

. O barco de pedra faz parte da capelinha dedicada a Nossa Senhora da Guia, padroeira e protetora dos homens do mar e terá sido mandado construir por um antigo marinheiro em apuros;

. Homem da Maça - Realiza-se todos os anos, a 1 de fevereiro, a romaria a São Brás. Ponto de visita obrigatório é a estátua do Homem da Maça, composta por um homem, quem sabe um herói ou guerreiro, que tem ao seu lado um leão. Diz a lenda que as mulheres solteiras pediam ajuda para casar abraçando-se, ou nas palavras do nosso guia que pediu perdão pelo termo, roçando-se à estátua e colocando-lhe flores. Caso as promessas se cumprissem era deitado vinho pela cabeça da estátua como forma de agradecimento.

O nosso trajeto começou no Largo da Viscondessa, centro de Santa Cruz do Bispo, passando pelo portão de Nicolau Nasoni, para podermos seguir para a Aldeia de Cima e para a Aldeia de Baixo, num percurso que apesar de algumas subidas, ... subidas, deu-nos a conhecer que muito perto de Matosinhos e a meia dúzia de metros da civilização, há uma terra onde até os animais que pastam "se deixam fotografar", se pode observar o que infelizmente resta do Rio Leça e chegar a um local, onde como tantos, se queria fazer algo diferente.

Trata-se de uma construção abandonada que seria num futuro que não ocorreu, um parque de atividades radicais mas que vai ser transformado, imagine-se, no primeiro hotel para animais de estimação. Isto quando os donos vão de férias, quem sabe para descansar ou praticar atividades radicais.

E de repente tinham passado quase duas horas numa visita que como se disse, foi feita a um local que perto da civilização, tem, entre largas zonas verdes, muita história para contar.

Ficam, para mais tarde recordar, algumas fotos.

Texto da autoria de Francisco Zuzarte, responsável pelas visitas guiadas da Delegação Norte

Publicado em 16/04/2019