Cultura

"Escher"

Difícil de ver, descrever e registar

Quem ler o sub-título desta notícia, ficará com a ideia de que o que fomos ver foi qualquer coisa de complexo.

E foi. Mas não se assustem. Até porque por algum motivo escolhemos uma visita com guia. E foi nossa anfitriã Filipa, que com uma simpatia, saber e comunicação próprios de quem estudou a matéria, nos transmitiu o que havia para perceber nos trabalhos que fomos vendo.

Isto porque, para Maurits Cornelis Escher, "O meu trabalho é um jogo, um jogo muito sério". Talvez por isso a complexidade das imagens que vimos tivessem que ser explicada na sua origem, a saber:

. Xilogravura, gravura em madeira. Técnica, de origem chinesa, em que o artesão utiliza um pedaço de madeira para talhar um desenho, deixando em relevo a parte que pretende fazer a reprodução;
. Litografia ou litogravura é um tipo de gravura pela qual se criam os desenhos sobre uma matriz de pedra calcária com um lápis gorduroso. Para os tornar visíveis, utiliza-se o princípio da repulsão entre água e o óleo, libertado pelo lápis.

Há um traço comum no trabalho deste artista. É famoso pelas construções impossíveis, que serviram capas de álbuns de discos, de Pink Floyd, por exemplo, e da série de televisão "Os Simpsons", e ainda hoje as suas isometrias, transformações geométricas, que não alteram o tamanho da figura, apenas a sua posição, são fontes e inspiração para trabalhos recentes. Ao olhar para um trabalho animado mais tarde de um quadro de Escher, é impossível não nos lembramos das escadas com vida própria de Harry Potter.

Uma nota que mostra a exigência do autor, quer no seu trabalho, quer na forma como tratava as pessoas e gostava de ser tratado, tem como exemplo máximo, uma recusa para fazer uma capa dos Rolling Stones, isto porque a carta do então jovem Mick Jagger lhe escreveu, não o tratou da forma mais cuidada que Escher exigia.

De outros detalhes curiosos, que uma primeira aproximação de 60 minutos ainda que com explicações, "não dá" para percebermos os detalhes de cada obra, foi-nos proporcionada a hipótese de, findo o tempo da visita guiada, deambular pela exposição com mais calma, o que ajudou ainda mais a perceber a técnica e o mistério que nos deu, fisicamente, a sua obra até 1972, altura que nos deixou. A sua obra permanece eterna, tal como o mistério de olharmos pela primeira vez para um trabalho seu.

Da visita, ficam algumas fotos, selecionadas das centenas que se tiraram, mas que, tal como pintura fotografada não consegue transmitir o mistério de ver a obra ao vivo.

Aconselhamos. Até 28 de julho, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

Publicado em 18/06/2019