IV Triatlo Longo de Aveiro (Campeonato Nacional Individual de Triatlo Longo)

O meu triatlo favorito (relato de Pedro Quaresma)

Duas semanas após o Half Ironman de Lisboa, surge a 3.ª prova do campeonato nacional de longos (19 de maio), que este ano ainda deverá ter mais duas provas (Caminha e Açores).

Julgava que íamos estar presentes em força, após a prestação em Lisboa, mas infelizmente tal não se veio a concretizar e assim só eu e o João Lucas Coelho seguimos para Aveiro, depois da baixa de última hora do Quintino.

Chegada a Aveiro ao final da tarde de sábado para jantar e descansar, que a prova é no domingo às 08h00 e embora a pernoita seja a cerca de 100 metros do parque de transição, convém não abusar. Mas afinal o descanso ficou um bocadinho prejudicado, pois além do jantar fantástico que estava à nossa espera (obrigado Gabi!), ainda tivemos a surpresa de jantar com o Fernando Feijão (atual presidente da FTP) e ficámos à conversa sobre o triatlo e o quanto difícil está a ser este desafio que o Fernando aceitou.

Domingo, acordamos sem vento, tal como previsto, mas céu cinzento a ameaçar chuva e temperatura "fresquinha". Comer e arrancar com o material para o parque de transição. Colocar as coisas, vestir fato de natação e vamos experimentar a água. Primeiro "arrepio", estava "gelada" (a organização diz que estava a 16ºc, mas temos dúvidas...).

Apito de partida e lá vamos nós, é o meu segmento favorito, corre sempre bem e ajuda-me a descontrair para os dois segmentos "à séria" que se seguem. Desta vez, o frio "chateou" um bocado, mas afinal o frio ainda estava para vir. Saída da água em 45.º lugar, qualquer coisa como nos primeiros 25% dos atletas, nada mau, mas ainda assim, já com alguns minutos perdidos para os craques.

Corrida, ou uma espécie de corrida até ao parque de transição e inicia-se a transição. Para quem não sabe, também é um dos segmentos do triatlo menos falado, é verdade, mas importante. Qualquer atleta que queira ganhar provas de triatlo tem de treinar especificamente esta parte da troca de roupa e arranque para a bike e depois mais tarde a saída da bike para a corrida. Costumava ser o meu segmento pior, gastava minutos sem fim, tudo para ir confortável. Cada vez que terminava uma prova era gozado pela malta, em especial pelo meu amigo Humberto, até que disse basta, vou mudar isto! E assim foi, nas duas últimas provas passou a ser o meu 2.º melhor segmento, apenas a natação continua a ser melhor. Bom, mas agora tenho o problema de "provar" que estes tempos "canhão" são reais e não adulterados na secretaria.

Arranque para a bike, trajeto fantástico entre S. Jacinto e Torreira, 4 voltas para fazer os 90 km de ciclismo. Sempre ao lado da Ria de Aveiro, completamente plano, asfalto em excelentes condições. Às vezes parece que voamos... até sermos passados por uns craques do ciclismo, mas que para sorte minha não se dão muito bem na água e assim sempre compenso um bocadinho o que vou perder nestes 90 km.

Quase ao final da 1.ª volta aparece o JLC, que me cumprimenta e continua a sua pedalada impressionante que o vai levar a fazer os 90 km em 02h31. Não tenho pernas para este andamento e continuo no meu ritmo. Chega a 2.ª volta e a chuva... e o frio... durante os 45 minutos seguintes vamos estar com aguaceiros e embora não houvesse vento, com a velocidade a que vamos na bike, arrefece-se imenso e começam a desistir alguns atletas (os mais magros) devido ao frio. Na passagem da 3.ª para a 4.ª volta, o sol vence as nuvens e começamos a aquecer outra vez, mas agora era tempo de poupar, vem aí uma meia maratona.

Parque de transição, novo recorde na mudança de segmento, apesar de não sentir os pés devido ao frio e ter custado imenso a calçar os ténis. Arranque calmo para a corrida, é preciso convencer as pernas que agora não se pedala, mas é preciso correr.

A 1.ª volta é muito dura, os pés estão gelados e sem sensibilidade, vários atletas a passarem, mas percebo que a passada de alguns é muito pesada, principalmente para quem ainda está a começar. Fico a pensar que os vou reencontrar mais tarde. Outros, fico a pensar como é que é possível irem a correr tão depressa, será que são equipas de estafetas? Mas sei que não, alguns são "conhecidos" e têm o hábito de fazer a meia maratona em menos de 01h15, apesar de já terem nadado quase 2 km e pedalado 90.

Inicio a 2.ª volta, já sinto os pés, toca de acelerar, até porque ainda tinha esperança de apanhar o JLC. Cada vez que passo na meta tenho lá a Gabi de relógio na mão a dizer-me que estou a ir muito bem... mas que tenho de acelerar mais um bocadinho. Vejo o FF, que também puxa por mim.

Então acelero um bocadinho, inicio a 3.ª volta e repete-se o filme, estou muito bem, até consegui melhorar o tempo, mas... tenho de acelerar mais um bocadinho. Não vai ser fácil, penso eu, a coisa está a ficar difícil, mas vamos a isso. Começo a "marcar" malta à minha frente, corro por "pequenos objetivos", vejo alguém que parece que está um pouco mais lento e corro para o apanhar, quando os passo, corro ainda mais, não me quero deixar apanhar. Escolho o próximo e lá vou eu outra vez. Ajuda a passar o tempo e ajuda na classificação.

Início da 4.ª volta, mesma história, melhor volta até ao momento, mas agora e apesar do incentivo, percebo que está na hora de começar a "acertar contas" com o "homem da marreta". Percebo também que o JLC ainda estava demasiado longe para o apanhar, percebo que o meu objetivo de terminar abaixo das 5 horas está praticamente conseguido, só tenho de gerir a última volta e acabo a baixar um bocadinho o ritmo para não falhar no fim.

Penúltima meia volta, estou nesta gestão: o homem da marreta a querer conversa e eu a fugir dele, chego aos últimos 2 km, sinto uma ligeira aragem nas costas e é o empurrão final, volto a fazer o "jogo" de tentar apanhar o atleta que esteja mais próximo. E consigo voltar ao ritmo da penúltima volta, por poucos metros, mas ainda ultrapasso vários atletas e corro para terminar o half em 04h53:17, novo recorde pessoal na distância. Já lá estava o JCL, que chegou 4 minutos antes e também ele melhora o tempo nesta prova, com 04h49:31.

Em resumo, Aveiro é a "minha" prova! Adoro o circuito da bike, sempre ao longo da ria, completamente plano (à minha medida) e a corrida idem, embora o percurso na base militar não seja tão bonito quanto o da bike.

A prova foi ganha por atletas espanhóis: Ana Lopez de San Roman e Daniel Gutierrez Arranz. Nos homens, o Sérgio Dias "ainda" terminou a 15 segundos do atleta espanhol, mas nas mulheres, a Ana Lopez não deu hipótese às adversárias, tendo a 2.ª classificada (Cecília Shinn) ficado a 5 minutos.

Para quem gosta de classificações:

. JLC - 65.º Geral - 7.º escalão V1 - 4:49:31;
. PQ - 75.º Geral - 10.º escalão V2 - 4:53:17.

E algumas fotos (clique aqui).

Publicado em 29/05/2013