Desporto

Triatlo de Oeiras

Relatos da família Vaz e de Rogério Araújo

Participação de Rita Vaz e Bruno Vaz na prova super-sprint (Prova Aberta)

A chegada ao parque de transição foi um pouco em cima da hora, pois enquanto estávamos a preparar os cestos, foi dito nos altifalantes que faltavam 15 minutos para a partida! Fomos a correr para a praia, para fazer a adaptação ao frio da água. Umas braçadas, um xixi e estávamos adaptados ao meio ambiente.

Quando estou a sair do aquecimento vejo um jersey do Clube dentro de água, era o Miguel Cruz que à última da hora resolveu fazer a prova e também estava a fazer a adaptação à água. A grande diferença é que o Miguel estava sem fato isotérmico e nós com!

Feitos os cumprimentos, mais algumas fotos e lá alinhamos para a partida que foi dada com uma diferença de 5 minutos para as categorias de juvenis e cadetes. A Rita sendo juvenil podia ter aproveitado e partido mais cedo, mas resolveu ir com o resto do pessoal.

Dada a partida e contrariamente à última prova que participei com a Rita, não me preocupei minimamente com a minha filha, pois tinha como garantido que ela ia sair primeiro que eu da água. Como era o terceiro triatlo que participava e nunca tinha conseguido nadar nada de jeito, fugi da confusão da "máquina de lavar", resolvendo nadar mais ao largo conseguindo finalmente fazer o segmento de natação todo em crawl. Mesmo nadando ao largo não consegui evitar que uma "baleia" me abalroasse por duas vezes!

Na ligação para o parque de transição conto com o "grande apoio" dos colegas a dizer que a minha filha já tinha passado... Chego aos cestos já a Rita estava a tirar o fato isotérmico e por precaução dado que o sol teimava em não aparecer, resolvemos vestir um casaco térmico para o segmento de ciclismo. A filha "pede" ao pai se pode ir andando, o que foi prontamente "autorizado" (vai andando que já te apanho e olha que é para fazer tudo no prato grande). Pouco depois alcanço a Rita, dou-lhe a roda e vamos mantendo um bom andamento que permitiu passar alguns ciclistas e ainda demos algumas boleias. Confirmei com a Rita que levar o casaco térmico foi uma boa opção, pois não sentimos qualquer frio.

A transição para a corrida foi mais rápida, pois não tínhamos tantos "adereços" para trocar. A Rita parte em passada forte para a corrida, mas como este não é segmento preferido dela e também não o treina, aconselhei a moderar mais o ritmo para gerir melhor o esforço. Fazemos a descida para St. Amaro e a Rita começa a ter dor de "burro", perante tal queixa, leva com a observação do pai "não treinas a corrida...". Fazemos o retorno e a subida é feita em melhor ritmo mas com a Rita a constatar o seguinte, "estive eu a passar esta malta no ciclismo para estar a ser passada na corrida...!". Na subida cruzámo-nos com o Miguel Cruz que vinha em bom ritmo a finalizar a descida para o retorno. Como não queríamos ser os últimos do Clube, lá convenci a Rita a fazer um sprint para o Miguel não nos alcançar. Venha o próximo desafio que necessariamente tem de passar por fazer uma prova com o dobro da distância do super-sprint, mas só quando a Rita por limite de idade o puder fazer.

Relato do Rogério Araújo (Prova do Campeonato Nacional de Clubes)


O caráter histórico do evento determina qualquer triatleta a procurar estar presente nesta prova emblemática para o triatlo nacional onde tanta gente se inicia e sendo este o meu 5.º triatlo queria replicar a presença de 2012 e tentar superar o resultado anterior, aliás como havia feito nos dois super-sprints de Lisboa em 2011 e 2012 (apesar de me encontrar com 2 meses de treino).

No dia da prova imperava algum frenesim fruto de quem não competia desde outubro do ano passado, mas que se desvaneceu rapidamente quando após ter chegado à praia da Torre encontrei a família Vaz junto ao carro. Acompanhei-os até à hora da partida para a prova aberta e foi motivador ver como pai e filha se ajudavam para enfrentar os preparativos no parque de transição e como demonstravam confiança para enfrentar as condições climatéricas adversas que se faziam sentir.

À semelhança de outras 3 participações mais uma vez vivia uma competição com frio, algum vento e uma ligeira morrinha e a água com uma temperatura de 15ºc. Antes da prova maior destinada aos atletas federados acabámos por permanecer mais de meia hora retidos em fila estática até sermos chamados à ativação dos respetivos chips de controlo. No meu caso deu para gelar... O Pedro Caeiro ia-me fazendo companhia, e perto estava o João Silva. O Paulo Silva encontrei-o já no parque a preparar o equipamento. Importante esta presença do Clube. Sem elementos com grande experiência mas com muita vontade de fazer bem. O nosso Half Iron Man (Pedro Caeiro) fazia apenas o seu 3.º triatlo (!) e o Paulo Silva, o seu 4.º.

A saída para o primeiro segmento foi dolorosa. Para mim era aquele que menos tinha treinado (1x por semana) e sabia que não devia deslocar-me no meio da "máquina de lavar". Por isso resguardei-me atrás para ver o que a adaptação ao elemento gélido dava. O contacto foi duro, ia entrando em hiperventilação nos segundos inicias com o choque térmico, mas ao fim de 2 minutos tudo se equilibrou e comecei, ao meu ritmo, a passar gente, até ao fim. A chegada à segunda boia foi feita sem esforço e permiti-me contorná-la bem por fora para evitar o funil habitual, mas nessa zona a ondulação começou a fazer-se sentir com alguma corrente, pois a proteção do forte já não era perfeita. Custou-me um pouco a chegada à 3.ª boia mas depois foi sempre a andar com a convicção que os outros dois segmentos iriam ser bem melhores.

Saí com vontade da água e não senti esforço na transição na areia, mas a chegada ao parque obrigava ainda àquela subida que tira oxigénio a qualquer um. A entrada no parque foi fácil e quando cheguei aos lugares marcados para o BCP a minha bicicleta era a que ainda não tinha saído. Estava atrasado (fiz o segmento de natação com mais 2` do que em 2012) mas tinha a convicção que podia recuperar o atraso perdido. E deitei-me à estrada. Único senão e para meu desespero, é que estava a pedalar isolado com outros competidores que também seguiam isolados à minha frente. Sabia que ia ser mais duro estar fora de um grupo mas tinha o vento pelas costas o que me ajudou a aquecer os carburadores.

E assim foi que numa pedalada em ascensão cumpri os primeiros 5 km numa média de 31 km/h e os 2.ºs em 36 km/h. Nessa fase acabei por passar o Paulo Silva que apesar do incentivo não conseguiu colar-se à minha roda. De regresso vi o Pedro Caeiro que seguia integrado num grupo e me parecia com andamento forte. Ao curvar para o regresso, em Algés, percebi que um grupo de cerca de 20 ciclistas rodava cerca de 100 metros atrás. Levantei o pé e aguardei a sua chegada. Foi um momento fantástico ter feito a segunda metade do percurso envolvido num pack de ciclistas. Nunca tinha conseguido essa oportunidade em nenhum dos outros 4 triatlos feitos e pude experimentar essa sensação única que é sentir um grupo em movimento e a sua plasticidade e gozar da oportunidade de tomar as minhas iniciativas e sair do grupo por momentos e atacar ou de rolar em drafting para descansar.

A chegada foi ordeira e dentro do parque sobreveio o problema do dia quando a 15 metros da zona onde tinha o equipamento, onde acabara de chegar o João Silva, desapertei inadvertidamente a presilha do capacete (sem sequer o retirar da cabeça). Um fiscal que se encontrava no local parou-me e repreendeu-me ameaçando-me com um penálti stop tendo-me impedido de prosseguir por cerca de 45 segundos. Quando pude prosseguir e já na zona onde tinha o equipamento cometi novo erro que o excesso de zelo do fiscal voltou a penalizar: desarmei a presilha do capacete antes de colocar a bicicleta no varão; novamente o fiscal me admoestou e me reteve outros 45 segundos. No meu cronómetro cumpri o segmento de bicicleta em 36`33`` (perdi cerca 1 minuto e 20 segundos com este erro), contra os 38`44`` da organização. O João já saíra do parque quando resolvi os problemas da transição e agora tinha de dar o máximo para recuperar o tempo perdido.

Fiz o último segmento em 21`55`` com enorme controlo do andamento (4:14, 4:13, 4:15, 4:10 e 4:27), tendo sido ultrapassado por 4 ou 5 atletas no percurso e passado muitos mais (o último infelizmente foi o João que apanhei no retorno para o último quilómetro e que acabou exatamente na posição subsequente).

No final ficou um enorme contentamento por ter voltado a competir, uma enorme exaltação e regozijo pelo resultado e por ter melhorado em quase 4 minutos o tempo de 2012. Quanto aos meus companheiros foi muito bom partilharmos esta prova e desfrutarmos do incentivo mútuo de cada vez que passávamos uns pelos outros. Os resultados foram a meu ver muito meritórios para cada um dos quatro participantes: O Pedro Caeiro (nosso recente Half Iron Man) está em grande forma e domina bem todos os segmentos (e se não fez ainda melhor foi porque estava cansado do treino duplo do dia anterior), o João Silva é um monstro dentro de água e o Paulo parece-me uma grande promessa pelo que fez a nadar e na corrida e só tem de melhorar na bicicleta.

Classificação dos atletas federados do Clube:

. Pedro Caeiro - 164.º lugar | Escalão V2 | 123 (P); 00:14:35 (Natação) | 167 (P); 00:35:50 (Ciclismo); 218 (P); 00:23:27 (Corrida) | 01:13:53 (Total);
. Rogério Silva - 208.º lugar | Escalão V2 | 209 (P); 00:17:18 (Natação) | 221 (P); 00:38:44 (Ciclismo); 176 (P); 00:21:55 (Corrida) | 01:17:57 (Total);
. João Rodrigues Silva - 209.º lugar | Escalão V3 | 75 (P); 00:13:31 (Natação) | 257 (P); 00:42:02 (Ciclismo); 199 (P); 00:22:39 (Corrida) | 01:18:13 (Total);
. Paulo Silva - 236.º lugar | Escalão V1 | 165 (P); 00:15:49 (Natação) | 274 (P); 00:44:20 (Ciclismo); 160 (P); 00:21:27 (Corrida) | 01:21:37 (Total).

Publicado em 17/06/2013