Desporto

Clube Millennium bcp presente no XXXII Triatlo de Peniche

Relato da associada, estreante na distância Sprint, Fernanda Ferreira

Os nossos atletas participaram na 32.ª edição da prova, no dia 6 de junho, que marcou o início da modalidade em Portugal. Estreia da Fernanda Ferreira na distância, depois de ter realizado uma prova longa (Half de Lisboa) e que permitiu conhecer novas sensações na distância Sprint (750 metros / 20 km / 5 km). O relato pode ser lido abaixo.

Para além da Fernanda, estivemos representados por mais três atletas, também na distância Sprint, tendo ficado os resultados da seguinte forma: o Paulo Silva ficou em 36.º lugar, com 01:18:10, seguido do Eduardo Ferreira, em 42.º, com 01:20:37, no escalão 40-44; o Pedro Mendes ficou em 26.º lugar, com 01:35:49, no escalão 45-49; e a Fernanda Ferreira ficou em 4.º, com 01:37:51, no escalão 35-39 das mulheres.

Relato da Fernanda Ferreira:

Tudo começa com uma mensagem do Rogério Araújo às 13h25 a perguntar "Nanda, como é que correu?"... Ainda não correu... estamos a sair agora para Peniche... é à tarde este!

Lá conheço mais um elemento do grande Clube Millennium bcp que tem a amabilidade de me ir buscar a casa, Paulo Silva. Lá fomos na conversa o tempo todo e passado 1 hora lá chegámos a Peniche, o berço do triatlo em Portugal!

Andava há anos a treinar com uma t-shirt oferecida a dizer Triatlo de Peniche e eu sempre a sentir-me uma fraude por nunca o ter feito... e finalmente ali estava eu! Depois do meu primeiro Half, ia participar pela primeira vez num "pequenino" onde se iriam impor ritmos bem mais elevados o que não era nada o meu forte.

Várias estradas cortadas e outros sentidos proibidos impedem-nos de estacionar perto do arranque, pelo que temos de deixar o carro do outro lado de uma ponte, preparar bikes, pedir água ao Paulo, porque me tinha esquecido, pôr os sacos às costas, montar na bicicleta e arrancar rapidamente pois com todas as voltas que tínhamos dado já estavamos atrasados! Chegámos lá e ouvimos "têm poucos segundos para fazer o check-in"... Pânico! Touca, touca, chip, chip... tudo algures no saco... grr..., lá dou tudo o que pedem e ah, entrámos, ufa.

O Clube Millennium bcp tinha uma zona só para ele, e nela já se encontravam os outros dois aventureiros, Eduardo Ferreira e Pedro Mendes. Mais uma vez noto a minha falta de método ao constatar que me tinha esquecido não só de água como de comida. Enfim, penso eu, se mal comi no Half, não há-de ser aqui que vou ter fome; é viver com o que tenho e o que não tenho.

Perto da hora de partida já se vê gente a pôr o pezinho na água e voltar para trás! Lá começámos a vestir os fatos. Estava um pouco nervosa com o meu já que ia ser a primeira vez que o ia usar! Vejo os meus próprios colegas de equipa a meterem-se dentro de água e a depois saírem a dizer que estava gelada. Entro e sinto o corpo quentinho, só pés e mãos e cara é que vão ficando gelados. Nado só algumas braçadas e tenho de tirar a cara da água. Brr, que gelo... minha rica água castanha e quentinha do Oceanário! Mãos no ar de vez em quando para não gelar. O fato era óptimo, mantinha-me a flutuar até demais e o mais importante, mantinha-me quente.

A partida demorou bastante tempo, com todos os atletas a gritar pelo início. Ouviam-se frases como "isto é uma tortura", "vamos morrer gelados", e eu no meu fatinho quentinho e confortável. A minha única preocupação era não ser atropelada por ninguém e tentar ver as boias o que não era fácil por cima das toucas que se encontravam à minha frente.

Finalmente lá dão o apito e arrancámos. Passo a espuma branca e tento segui-los... olho para a frente e vejo uns para um lado... outros para o outro... mau! Então? Orientem-se! A ida para a primeira boia não correu bem, ao contrário do fato, os óculos portaram-se pessimamente. Para a segunda boia fui direitinha porque era perto e via-se bem. Para o final mais uma confusão. Parei não sei quantas vezes. Surgiam nadadores de todo o lado. Via a marina, mas não via para onde tinha de ir até que uma rapariga mais atrás me diz "é em frente, para a escadas". "Não se tem de passar entre duas boias?", perguntava eu. "Não, é para as escadas". E lá fui a pensar... espero bem que não seja desclassificada!

Não fui. Corro para a bicicleta, sempre fácil de encontrar por ser a última... tudo estratégico! Tiro o fato, sento-me para calçar os sapatos, ponho capacete, óculos e corro com a minha branquinha ao lado. Muita gente a incentivar à saída! Mesmo sendo uma das últimas sinto-me especial... afinal estava ali a tentar, apesar de todo o nervoso que me assola a mente nos dias e horas antecedentes às provas.

Dei por mim numa reta a dar 24 km/h, que se passa? Ah, vento... a tal frase "percurso exposto ao vento" que tinha lido no regulamento. Pensei que fosse só um niquinho! Mas não. Vento e mais vento impediam-me de fazer grandes velocidades... não tinha pernas para isto... passados poucos quilómetros já as sentia a ferver.

Por mim passavam vários pelotões. Uns diziam-me vem na roda, põe-te atrás. E eu ahã... se travarem eu tento! No decorrer ia a apreciar a paisagem que era lindíssima quando chegávamos à costa. Víamos o Farol à nossa frente e do lado direito o mar revolto a bater nas rochas. Espetáculo! Passei por várias pessoas no chão a serem assistidas, algumas em melhor estado outras em pior. Deve ter sido do vento, pensava eu, basta um cair para cairem mais uns quantos. Prefiro ir sozinha, treino mais, pensava eu!

Na terceira volta, já farta de não falar com ninguém, meto conversa com uma rapariga que apanho, e fazemos o resto na conversa o que tornou tudo muito mais agradável. Ora passava ela, ora passava eu, e lá fomos. Finalmente chegámos, e na linha parámos as bicicletas e desmontámos, e eis que somos ultrapassadas por um daqueles que sai já descalço da bicicleta "eh, assim não vale", grito eu! 93xx, estás marcado! Na corrida a gente conversa. Mas nunca mais o vi!

Estou eu a descalçar-me quando passa a minha nova amiga por mim... força... e eu vai, vai que eu já te apanho. 5 km! Quão difícil será fazer 5 km depois disto tudo. É o que eu faço melhor! Primeiro quarto de volta mais devagar a perceber qual o caminho, meter conversa com várias pessoas, finalmente diversão. Passo pela minha amiga na volta da primeira volta. Passado um pouco passa por mim um rapaz mais rápido e eu digo-lhe, ah, uma roda para eu seguir e vou atrás dele. Depois olho para as pernas dele e fios de sangue já seco a tornear ambas as pernas fizeram-me mudar de ideias e dizer "é lá... esta roda é perigosa... é melhor ficar aqui mais para trás!". O rapaz ria-se e respondia "mas é sobrevivente!". Não fiquei muito para trás mas fiquei. Chego ao ponto de retorno e brinco com mais um assistente. Só faltava uma volta e sentia-me bem, ao contrário da bicicleta que se me ultrapassam ali eu também ultrapassava.

No final, 22 minutos para 5 km, não está mau para quem já tinha queimado as pernas! Acabei tarde mas feliz!! E ainda mais feliz fiquei ao ver as caras dos meus companheiros e ainda mais ao ver pedacinhos de melão e laranja espalhados numa mesa imensa! Uhmm, que manjar!!!

Conclusões que tirei desta prova: não se conseguem fazer omoletes sem ovos. Mais uma vez fui a uma prova sem treino nenhum de jeito. Não nadava praticamente desde a prova de maio e no máximo fiz duas aulas de RPM por semana, o que não é método. E se quero sair dos últimos lugares tenho de treinar alguma coisa! Não sei se vou conseguir ir até ao de Oeiras, mas vou tentar!

Publicado em 17/06/2015