Desporto

Triatlo de Vila Real de Santo António

Paulo Quintino, Rui Magalhães, João Carlos Gonçalves e Rita Vaz foram os nossos dignos representantes!

Teve lugar no passado dia 13 de março, em Vila Real de Santo António (VRSA), a primeira prova de Triatlo da época de 2016. Nesta prova participaram pelo Clube Millennium bcp os atletas Paulo Quintino, Rui Magalhães e João Carlos Gonçalves no setor masculino, e Rita Vaz no feminino.

Esta missão era à partida difícil (dado que impossíveis não existem, qualifico-a de "difícil"). Muitos atletas no escalão V2, empenhados em fazer uma boa prova, porventura já habituados ao percurso e distância sprint. A contar para a qualificação para o Campeonato Europeu de Triatlo que terá lugar em maio próximo, em Lisboa, revestia-se de especial importância para os atletas que tinham aspirações de poder vir a ser selecionados. O processo de apuramento passa pela atribuição de pontos, em função da classificação de cada atleta em determinadas provas (entre elas, esta), sendo os mesmos selecionados consoante o número de vagas atribuídas a cada escalão de idade. No meu escalão estavam em disputa 23 vagas para cerca de 60 atletas, a maioria inscrita em clubes.

A prova começou com cerca de 1 hora de atraso, explicada pelo organização por questões de logística (elevado número de participantes), que excederam as expetativas da Federação. Primeiro começou o setor feminino (cerca das 9,30h) e depois (cerca das 10,45h) o setor masculino. Os atletas masculinos (cerca de 400) estavam agrupados (em boxes) por escalões de idade, mas partindo todos ao mesmo tempo.

Antes de começar o segmento de natação de 750m (disputado na praia de Monte Gordo) entrei na água 15 minutos antes para acostumar o corpo à temperatura. O mar estava muito calmo (espelho), mas muito fria (14ºc/15ºc). Senti o frio a gelar-me as mãos e a cabeça. Respirava-se com dificuldade. Nadei cerca de 10 minutos e, na areia, fiz alguns exercícios de preparação para a prova. Não nadava em águas abertas desde setembro do ano passado por ocasião do half de Cascais, e isso veio a fazer-se sentir nesta prova.

Para este segmento decidi posicionar-me mais à frente do que aquilo que costumo fazer, na expectativa de que pudesse ganhar alguma vantagem. Não foi uma decisão acertada. Corri até à agua e quando me lancei senti que já estava no nível de lactato. Uma vez que a minha braçada não é muito rápida, comecei a ser ultrapassado/atingido por diversos outros atletas. O turbilhão do costume deixou-me ofegante, o que associado à baixa temperatura da água, me obrigou a parar. Convenci-me que não podia abrandar, tinha de continuar a forçar para tentar recuperar o tempo perdido. Dos 3 segmentos que constituem o triatlo, considero este o mais fascinante, mas é aquele que me deixa sempre ansioso (se calhar é por isso que o considero o mais fascinante). É o único que me perturba o sono da noite anterior e me deixa nervoso.

A distância entre a saída da água (ainda por cima estava maré baixa) e o PT era maior do que outras provas que já fiz, pelo que havia que correr o mais depressa possível. Sem descanso.

Transição feita seguia-se o segmento de bike. Os 20 km eram percorridos entre Monte Gordo e VRSA, num percurso de 3 voltas, plano e rápido. Formaram-se diversos pelotões de ciclistas, certamente a rodar acima de 40 km/h. Uma queda de um atleta nestes pelotões teria tido consequências físicas nos restantes, tal era a velocidade e a proximidade que todos rolavam (ainda assim houve várias quedas de ciclistas, com necessidade de assistência médica / cuidados imediatos no local). Este segmento foi o que me correu melhor, sem incidentes. Tratando-se de uma prova sprint, a contar para o Campeonato Nacional de Clubes, e ainda por cima de apuramento do Campeonato da Europa, o ritmo da prova era alucinante. Tentei andar na roda. Colei-me a um pelotão, mas era difícil de acompanhar tal a velocidade a que circulava. Quando terminei este segmento precisava acima de tudo de respirar, nem que fosse só 30 segundos.

O segmento de corrida (5 km) foi feito na marginal de Monte Gordo (2 voltas), percurso plano, na calçada, sem segredos. Usei o que me restava de energia e capacidade cardio-respiratória, numa corrida empenhada, em esforço permanente. Corria atrás do Rui Magalhães, o Paulo Quintino já ia mais à frente. Havia abastecimento (água apenas) no início da corrida e no meio.

Uma palavra para as transições. Demorei mais do que devia numa prova como esta (em que cada segundo conta). Não foi por falta de organização do material no cesto, pelo contrário, estava tudo no sítio certo, por ordem de segmento. Sem falhas. O que se passou foi que tendemos a utilizar a transição para respirar um pouco mais fundo. Logo demoramos mais.

Em síntese diria que todas as provas nos dão ensinamentos. Por mais provas que façamos, são todas diferentes, e para cada uma a estratégia de abordagem tem que ser específica. Esta prova teve um caráter competitivo muito elevado. Já esperava que assim fosse. Primeiro triatlo da época 2016, senti que os Clubes e os seus atletas estavam bem preparados, a competir com elevado espírito de sacrifício. Estas provas permitem-nos sobretudo observar, testar, adaptar-nos a outros ambientes e superar-nos. Tentar evoluir o nosso desempenho / trabalhar o VO2. Treinar é fundamental, mas só isso não nos permite observar em pormenor o nosso nível de fitness. Sem competição não há verdadeira progressão. Precisamos continuar.

Publicado em 01/04/2016