Cultura

Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas foi visitado pelos nossos Associados

Espaço museológico alberga uma vasta gama de artigos histórico-culturais

Realizou-se no passado sábado, dia 6 de abril, a visita a este museu do concelho de Sintra. Quem conheceu, há décadas, aquele sítio onde se amontoavam algumas "pedras" em volta de uma ermida e visitar hoje este museu, certamente não vai ficar indiferente ao trabalho que ali foi feito.

Ao passarmos na estrada que nos conduz de Sintra à Ericeira, vemos, por vezes, uma placa a indicar que há um museu e certamente imagina-se que é mais um daqueles pequenos museus que pelo país nos mostram alguns artefatos que em tempos por lá existiram. Não é o caso. Ali existe um vasto património resultante de escavações feitas no local, assim como no Alto da Vigia, e que é essencialmente dedicado à época romana e muito mais que foi recolhido pelos residentes, e proprietários dos terrenos, do concelho de Sintra, tendo-o depois doado ao museu.

Há, neste Museu de São Miguel de Odrinhas, um elemento muito curioso. Uns túmulos funerários da época etrusca encontrados no concelho de Sintra, mas a sua origem não é sintrense.

Datados do século IV e III a.C., foram adquiridos no século XIX por Sir Francis Cook - que à época era o proprietário da Quinta de Monserrate - na Toscânia, e que os trouxe e utilizou como decorações para os jardins daquele palácio, pois a Europa culta do Romantismo apreciava e tinha gosto por este tipo de antiguidades e obras de arte de povos antigos e exóticos.

Ali ficaram durante um século, tendo sofrido muitos e variados danos por parte de visitantes e das intempéries. A tampa com estátua jacente de um deles desapareceu numa noite de grande tempestade, em 1983, até que se procedeu à remoção destes túmulos, para lugar digno, no Museu de Odrinhas.

E, a propósito de símbolos funerários, porque não ler Sophia?

Estelas Funerárias

Jovens sorridentes celebrando
Em todos os museus a própria morte
 
Tão direito e firme amor da vida
Aqueles que os amaram consagraram
A breve eternidade do seu povo

Agora expostos numa terra alheia
De seus ossos e cinza separados
Roubados ao lugar que os viu viver
O entreaberto lírio do sorriso
As passagens sem luz iluminando
 
Sophia de Mello Breyner Andresen

Publicado em 10/04/2024