Desporto

"Brevet Évora 200 - Randonneurs Portugal"

Associados João Nogueira e Nuno Santos participaram e completaram com sucesso a prova com 202 km de traçado

Crónica de João Nogueira

Começando com uma breve introdução à cultura "Randonneur" e aos "Brevets": "são eventos não competitivos, em que o "Randonneur" tem de percorrer o percurso pré-definido, por sua conta e risco, individualmente, podendo circular em grupo e em autonomia total. Não é permitida assistência no percurso, nem a circulação de carros de apoio, exceção aos postos de controlo. No final dos BRM não existem classificações por tempo ou qualquer outra, nem prémios, nem pontos por participação".

O objetivo final de um "Randonneur" é completar uma série de provas de longa distância de 200, 400 e 600 km, para conseguir ser qualificado para o mítico "Paris-Brest-Paris" (1200 km em menos de 90 horas). Mas isso... fica para outros atletas.

Quanto a esta prova, que se realizou a 13 de novembro, arrancou de Évora às 8h da manhã, com algum frio, mas céu aberto, antevendo um dia limpo, sem chuva e agradável para um longo dia em cima da bicicleta em que teria pela frente 202 km de traçado. Prova realizada em conjunto com o Nuno Santos onde fomos durante quase 12h a puxar um pelo outro e trocando uns dedos de conversa com os ciclistas que por nós passavam ou com quem partilhámos a estrada durante alguns dos longos 200 km.

Um percurso rolante, sem grandes desníveis, mas desgastante pela distância e pelo constante sobe e desce da planície alentejana. De Évora seguimos em direção a Évoramonte, parando sempre nos postos de controlo para carimbar os autónomos (respondendo a uma questão). Daí seguimos para Estremoz que, em dia de mercado, tornou a navegação difícil e encontrar o posto de controlo um desafio adicional. O almoço foi no Redondo, onde em mais um posto de controlo recuperámos forças com umas bifanas. Se soubesse o que sei hoje teria feito como um colegas que "alambazaram" uma dose de entrecosto com migas!

O caminho para Monsaraz foi memorável, realizado por uma estrada onde não nos cruzámos com qualquer carro durante quilómetros, avistando porcos pretos, barragens e com o castelo de Monsaraz a aparecer entre a vegetação. Toda a envolvente ajuda bastante a passar o tempo e a desviar as atenções do cansaço que se vai acumulando nas pernas. À entrada de Monsaraz deparámo-nos com a única dificuldade real do dia: a subida até à estátua ao Cante Alentejano não é difícil, nem particularmente longa, mas já com cerca de 160 km nas pernas, foi vencida a um ritmo calmo para não passar fatura para o que faltava.

Mais um posto de controlo e efetuámos a última paragem para descansar, beber um cafezinho e recuperar alento em Reguengos de Monsaraz. Daqui para a frente era a "festa da taça"! Restava rolar e esperar que os últimos 40 km não trouxessem nenhum percalço técnico, nem que o físico quebrasse antes de chegar a Évora. Com o anoitecer tivemos direito a mais um espetáculo da natureza, com um pôr do sol espetacular sobre a planície alentejana.

Reunindo as últimas forças e já de luzes ligadas, chegámos a Évora, completando em conjunto os 202 km de "Brevet" a uma média de 21,5 km/h, 2000m de acumulado e 9h23m de tempo em movimento (com as paragens foi um total de 11h16m).

Publicado em 27/12/2021