Desporto

O nosso Alvalade-Porto Côvo "by Clube Millennium bcp"

Um grupo de 20 ciclistas efetuou a ligação entre a vila de Alvalade e Porto Côvo no dia 27 de março

A prova oficial do Alvalade-Porto Côvo será somente em maio, no entanto, um "pequeno grupo" de Associados decidiu organizar o mesmo passeio antecipadamente e fez-se à estrada, aos estradões e aos trilhos deste fantástico trajeto de 70 km.

Relato de Pedro Matias

Acordar (e levantar...) antes das 6h00 a um domingo em que há mudança para a hora de verão (adiantou 1h00, o que ainda no dia anterior seriam 5h00), não se adivinharia uma tarefa fácil, mas a vontade de fazer este raid (em estreia) com um fantástico grupo de 20 ciclistas tornou a tarefa muito mais fácil. E a meteorologia ajudava, com um clima ameno depois da chuva durante a semana.

Depois de encaixarmos 20 bicicletas, 20 ciclistas e duas motoristas de apoio em 3 carrinhas, saímos de Odivelas pouco depois das 7h00 rumo a Alvalade do Alentejo. Aqui chegados, repetiu-se a tarefa de pouco antes, mas ao contrário - descarregar tudo -, preparar equipamentos, comer alguma coisa, tirar a fotografia da "partida" e arrancar rumo a Porto Côvo.

Os primeiros 8 km foram feitos em estrada praticamente deserta, o que permitiu fazer o aquecimento de forma muito rolante e descontraída. Depois seguiram-se estradões amplos, com muito pouco relevo, com a passagem por algumas casas, sempre com uma paisagem espetacular, campos verdes salpicados de cavalos, vacas, ovelhas e cabras.

Chegados aos 45 km chegámos à albufeira da Barragem de Campilhas, que se encontra com uma cota muito baixa, permitindo pedalar em zonas anteriormente alagadas. E foi aqui que reencontrámos as nossas motoristas, sendo tempo de fazer uma pausa para um merecido reforço alimentar.

Depois de atestados com água, bananas e marmelada branca de Odivelas, e com os músculos arrefecidos, foi tempo de enfrentar a parte do percurso mais sinuosa, com subidas e descidas mais acentuadas e frequentes, que caso não fosse a planura do percurso até então, não seria nada de mais.

Pouco depois do Cercal, chegava a zona de serra com a subida ao ponto mais elevado do percurso. Sabíamos que a partir daí o percurso seria maioritariamente a descer e mais fácil, só que... não. E não porque a zona designada de "Amazónia" não se encontrava desmatada (afinal, a prova é só em maio), estando o percurso obstruído por silvas, o que obrigou a cuidados para não furar pneus e pele. E também os detritos deixados pelo abate de eucaliptos, dificultaram a progressão durante alguns quilómetros.

Logo depois já se avistava o mar, e já "cheirava" a Porto Covo, e já tardava, porque a toada calma durante o percurso (respeitando o ritmo dos ciclistas menos preparados) e o tempo gasto no abastecimento, furo e na "Amazónia", fez-nos atrasar mais que o previsto.

E Porto Côvo estava ali, sem antes fazer a travessia do rio/praia e a subida final para a "meta" - imagino em dia de prova, com a assistência a aplaudir e a incentivar os atletas no último esforço para quem faz o percurso de 70 km.

Mas a nossa "meta" só chegou uns metros mais adiante, no parque de campismo, onde nos esperava um retemperador almoço e banhos quentes.

No final, tivemos direito a uma sobremesa personalizada - o bolo do passeio.

Foi um dia passado em excelente companhia, em constante convívio durante o percurso, que seria difícil de igualar numa prova com vertente competitiva.

Relato de Paulo Castro

Primeira experiência nestas andanças com o grupo de cicloturistas do Clube Millennium bcp, e logo em BTT num traçado bastante exigente! Segunda vez que envergo o equipamento oficial do Clube e 6 meses após ter sido operado ao tornozelo direito para recuperação de uma fratura tripla tibiotársica.

Foi uma experiência muito enriquecedora e com uma organização bem cuidada que até previu a abertura dos portões dos terrenos de cultivo ou o encerramento dos mesmos para impedir canídeos de nos virem morder os calcanhares. Desde a saída organizada em Odivelas até ao ponto de partida, até ao regresso a Lisboa, nada foi descurado.

Quanto ao passeio de BTT em si, trata-se de um percurso com um traçado muito diverso, começando em alcatrão por alguns quilómetros até iniciar o verdadeiro BTT, mas que varia de paisagem ao longo do percurso, desde planícies de cultivo e criação de gado até subidas de montes com empenos bem puxados, e a famosa "Amazónia", um mato florestal bem denso que se teve de atravessar quase na sua totalidade a pé, tal era a dificuldade de circular no mesmo.

Valeu bem a pena, pelo convívio, pela experiência e pelo esforço físico. Uma palavra de apreço pelas "motoristas" que nos prestaram o devido apoio logístico e aos "guias" que nos direcionaram ao longo do percurso. Vamos aguardar pela prova oficial.

Relato de Eusébio Carvalho

A aventura começou assim: um grupo de WhatsApp criado, vamos, não vamos, ah e tal... o almoço, a dormida, afinal já não se dormia, o almoço começava a estar garantido, as motoristas também, e depois de muito se carregar no botão do telemóvel lá ficou combinado o dia da volta para 27 de março.

O tal dia começou logo bem cedo - acordar às 6h00, que afinal mais pareciam 5h00 para quem não tinha acertado o relógio. Ok, ainda estava noite escura, havia que transportar a "companheira" de duas rodas para o local do encontro em Odivelas, ou seja, do primeiro encontro e após arrumar as bicicletas e bagagens nas 3 carrinhas lá se deu a partida. Até aqui tudo bem, andávamos depressa e sem precisar de dar aos pedais.

Na ponte Vasco da Gama começaram os problemas, não saltou nenhuma corrente nem houve furos, eram as mantas para as "Marias" não se constiparem que estavam a querer deixar a viagem; primeira paragem, compostas as coberturas e lá seguimos novamente viagem. Embora com uma hora a menos de sono, ninguém adormeceu durante a viagem tal era a vontade de andar por terras alentejanas e Alvalade era já logo ali.

Chegados ao local da partida (o segundo), a preparação foi rápida. O nosso decano do grupo pediu a palavra para dar uma breve palestra para guardarmos um minuto de silêncio em honra das vítimas da Ucrânia. Minuto passado, abastecimentos efetuados, fotos da praxe tiradas, contagem do pessoal "chegou a 20" e pela hora marcada, com mais uns 30 a 40 minutos, lá começou verdadeiramente a aventura.

Seguíamos o guia afincadamente (era a descer), sem o perder de vista e nos quilómetros iniciais faziam-se alguns ajustes ao equipamento e seguíamos em frente. O dia que tinha amanhecido frio e escuro começava a ficar cada vez bem mais agradável e os casacos começavam a incomodar; havia tempo para tudo, fotos, conversas, aconchegos de estômago, enfim, tínhamos um "bike vassoura" que nos permitia esses luxos!

Após alguns quilómetros sem nunca nos perdermos, lá se deu o inesperado - era a descer e aproveitando a embalagem falhámos (alguns) a saída à direita, mas fomos avisados pelo walkie-talkie para voltar para trás; lá estava o guia II (vassoura) à espera, e lá seguimos alegremente pelo trilho no meio dos eucaliptos, outras árvores e alguns descampados, com um ou outro encontro com o chão, mas sem problemas de maior e sobretudo sem ninguém se queixar.

Embora estivéssemos em pleno Alentejo, desde o início que os "letrados" da prova falavam de uma tal de "Amazónia". A princípio ainda pensei que nos iríamos divertir, mas ao chegar lá deparámo-nos com um caminho, ou ausência dele, onde as silvas afiadas entrelaçadas tinham tomado conta do então caminho da "Amazónia"; apenas o GPS teimava em dirigir-nos para lá e castigar-nos naquela "Amazónia" de silvas. Ninguém saiu de lá sem uns valentes arranhões e umas quantas marcas de sangue, mas finalmente o caminho voltou ao que era e lá seguimos em frente.

A tal de Amazónia deixou igualmente algumas marcas, pois logo começaram a aparecer os primeiros sinais de "cansaço das máquinas". O primeiro sem explicação, um rebentamento de um pneu e remendar a situação foi uma verdadeira enciclopédia, depois de uma câmara de ar aparentemente nova continuar a deixar sair o ar, sabe-se lá por onde, alguém se lembrou de a cortar e fazer um reforço no pneu rasgado. Depois de reposta uma nova câmara de ar a solução encontrada para segurá-la dentro do pneu rasgado foi recorrer a duas abraçadeiras, e não é que funcionou, não tivéssemos entre nós um "MacGyver" para estas soluções improvisadas!

Com a demora, o almoço começou a ficar em risco, mas o J.A. lá convenceu o dono do restaurante a esperar por nós e lá fomos avançando em "passo mais apressado", mas não sem mais um problema, desta vez um furo lento que se manteve até ao final com recurso a enchimentos periódicos e finalmente lá começámos a avistar a terra prometida com a ilha que dizem lá ter tido um pessegueiro!

O almoço no parque de campismo de Porto Côvo se fosse ao meio dia tinha sido um almoço normal, mas cerca das 16h estava ótimo, mesmo excelente. O cafezinho e o bolo comemorativo no final para arrematar depois do banho quase frio (o banho e não o café) caíram na perfeição.

A adrenalina começava a baixar e o sol também - estava na hora de "fazer as bagagens". Arrumação feita, tudo embalado e lá seguimos viagem de regresso até à capital.

Não falei de pessoas nem de atitudes, mas gostaria de elogiar a única mulher que nos acompanhou na pedalada, bem como todos os outros amigos e companheiros de viagem que nós fomos ajudando uns aos outros e ainda às nossas duas "motoristas" que fizeram o transbordo das viaturas de Alvalade para Porto Côvo e que nos deram apoio no abastecimento a meio do caminho e sobretudo tiveram a paciência para a longa espera por nós em Porto Côvo.

Certo que muito ficou por contar nesta tão brava aventura. Um grande obrigado abrange tudo e todos.

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Publicado em 04/04/2022